A cada ano, mês ou semana, a lista de mitos e verdades a respeito de determinado alimento muda. A inconstância das descobertas se ovo faz mal ou se a dieta sem glúten é a melhor opção para quem quer emagrecer, é decorrente de inúmeras e intermináveis pesquisas na área da saúde. Assim como outros, o café, obviamente, não está fora dessa lista de vai e vem quanto aos seus benefícios e malefícios.
Afinal, beber café vicia, ajuda a combater depressão ou diminuir os sintomas da asma? Em setembro, a Semana Internacional do Café (SIC), realizada em Belo Horizonte, desmistificou alguns desses tópicos. Primeiramente, se você se considera viciado em café, fique tranquilo, pois esse é um dos mitos dessa semente consumida diariamente por cerca de 97% da população acima de 15 anos no Brasil, segundo dados do Conselho Nacional do Café.
[quote align=’left’]”A cafeína não está ligada ao circuito de dependência do cérebro”[/quote]De acordo com artigo publicado na SIC, “estudos de mapeamento cerebral indicam que a cafeína não está ligada ao circuito de dependência do cérebro. Segundo a Organização Mundial da Saúde, ‘não há nenhuma prova de que o uso de cafeína tenha consequências físicas e sociais comparáveis, ainda que remotamente, às consequências das drogas de abuso’ e o Comitê Antidoping Internacional tirou a cafeína da lista de drogas proibidas para atletas.”
Em resposta ao vício, a nutricionista Roberta Larica Gianórdoli, membro do Institute for Functional Medicine (EUA) diz que “Como o café gera uma melhora no bem-estar, na disposição, as pessoas que sentem esse benefício acabam criando o hábito de ingerir café com frequência. Esse hábito pode ser confundido com vício”.
No entanto, por existir contradição com o fato de que há diversas melhorias no desempenho da performance cognitiva através do consumo da cafeína, muitos continuam acreditando que de fato o café seja viciante. De acordo com o livro “Coffee, tea, chocolate, and the brain” (Café, chá, chocolate e o cérebro), de Astrid Nehlig, além da melhora cognitiva, a capacidade psicomotora do consumidor também sofre resultados positivos, como a melhoria do estado de alerta, da energia, da capacidade de concentração, do desempenho em tarefas simples, da vigilância auditiva, do tempo de tensão visual e diminuição da sonolência e do cansaço.
Como consequência de todos esses benefícios, algumas doenças conseguem reduzir o impacto no organismo, como é o exemplo da asma, pois além do efeito broncodilatador, a cafeína reduz a fadiga dos músculos respiratórios. De acordo com o artigo da SIC, estudos sugerem indiretamente que o consumo moderado de café, a longo prazo, pode não só reduzir os sintomas, mas prevenir manifestações clínicas de asma.
Quanto à depressão, estudos recentes afirmam que o consumo diário, três a quatro xícaras ao dia de café torrado adequadamente, pode ser benéfico na prevenção da doença por conter, em quantidades superiores às de cafeína (1-2%), compostos com ação antioxidante, além de potente ação antagonista e efeito inibidor da recaptação de adenosina.
Além desses fatos, ao contrário do que muitos pensam, a presença do café no organismo ajuda a prevenir o risco de desenvolvimento de cálculos renais em 10 e 9%, com seu uso moderado. Grávidas também podem consumir o cafézinho diário durante toda a gestação, no entanto é recomendada uma dosagem amena, assim como é no caso de crianças, que não só podem como devem ingerir o composto, inclusive de preferência com leite.
Claro que como tudo em excesso, o café pode trazer diversos prejuízos à saúde, como enxaqueca e insônia. Segundo a revista Exame, uma pesquisa afirma que o excesso de cafeína pode causar transtorno mental temporário e síndrome de abstinência. Quem exagerou no café e sofreu cinco ou mais desses sintomas pode estar com intoxicação, e entre os sintomas estão inquietação, nervosismo, excitação, rubor, desconforto gastrointestinal, espasmos musculares, confusão na fala, insônia e alteração do ritmo cardíaco.
Para aliviar o problema, é preciso cortar o consumo, que também tem algumas complicações como fadiga, dor de cabeça, dificuldade em se concentrar e depressão leve. Esses sintomas de abstinência de cafeína são transitórios. Alguns especialistas consideram a inclusão da intoxicação e da abstinência no manual um exagero.