A luta das mulheres pelo equilíbrio de seus direitos diante da sociedade não é de agora. Professoras, escritoras, médicas, biólogas, políticas ou simples trabalhadoras foram capazes de inspirar ou causar importantes transformações ao longo da história. Ao resistirem às restrições impostas à mulher, essas mulheres quebraram paradigmas e influenciaram a mudança. As ações dessas mulheres marcaram a história ao ponto de ter um grande impacto nos dias de hoje.
Bertha Lutz
Nascida em 1894, a bióloga foi a segunda mulher a ingressar no serviço público brasileiro. Após conhecer os movimentos feministas ao estudar na Europa, Bertha foi a responsável pela organização do movimento sufragista no Brasil. Ela também foi responsável direta pela articulação política que garantiu, em 1932, o direito do voto fe+participou do comitê elaborador da Constituição que garantiu às mulheres a igualdade de direitos políticos. Assumiu a cadeira na Câmara Federal em 1936, passando então a defender mudanças na legislação referentes ao trabalho da mulher e do menor. Defendeu também a isenção do serviço militar, a licença de três meses para gestante e a redução da jornada de trabalho, que até então era de 13 horas.
Carlota Pereira de Queirós
Formada em medicina, tornou-se chefe do laboratório de clínica pediátrica da Faculdade de Medicina de São Paulo em 1928. Durante a Revolução Constitucionalista, em 1932, Carlota organizou a assistência aos feridos, à frente de 700 mulheres. Já na Assembléia Nacional Constituinte, integrou a Comissão de Saúde e Educação, trabalhando pela alfabetização e assistência social. O primeiro projeto sobre a criação de serviços sociais foi de sua autoria, além da emenda que viabilizou a criação do Laboratório de Biologia Infantil. Durante o período do Estado Novo, de 1937 até 1945, lutou pela redemocratização do país. Em 1942, Carlota foi eleita membro da Academia Nacional de Medicina. Fundou, oito anos depois, a Academia Brasileira de Mulheres Médicas, da qual foi presidente durante alguns anos.
Nísia Floresta
Mais conhecida por seu pseudônimo Nísia Floresta, Dionísia Gonçalves Pinto foi uma educadora, poetisa e escritora. Escreveu seu primeiro livro, Direitos das mulheres e injustiça dos homens, inspirado no livro da feminista inglesa Mary Wollstonecraft, Vindications of the Rights of Woman. Sendo o primeiro livro no Brasil a tratar dos direitos das mulheres à instrução e ao trabalho. Passou a dirigir um colégio para meninas, em Rio Grande do Sul, até a eclosão da Guerra dos Farrapos. Nísia então se mudou para o Rio de Janeiro, onde dirigiu os colégios Brasil e Augusto, reconhecidos pelo alto nível de ensino. Foi para Paris, em 1849, após sua filha sofrer um acidente grave. Em 1853, publicou uma coleção de artigos sobre a emancipação feminina, o Opúsculo Humanitário. Durante 1872 e 1875, esteve de volta ao Brasil, mas pouco se sabe de sua vida nesse período. Em 1878, publicou seu último trabalho: Fragmentos de uma obra inédita: Biografias.
Leolinda Daltro
Nascida em 1860, acreditava profundamente no papel revolucionário da educação. Fugindo dos padrões jesuítas ainda presentes no Brasil, a professora abraçou a causa de que os índios deveriam receber uma escolarização laica. Fundou o Partido Republicano Feminino, a criação do partido foi um movimento pioneiro na luta das brasileiras em favor do direito ao voto. Criou a Linha de Tiro Orsina Fonseca, ao lado de Orsina Fonseca, para prover treinamento com armas de fogo para mulheres. Durante toda sua vida, Leolinda sofreu vários insultos e intimidações devido aos seus trabalhos como feminista e indigenista. Em sua homenagem, a ALERJ criou o diploma Mulher Cidadã Leolinda de Figueiredo Daltro. O diploma premia, a cada ano, dez mulheres de destaque na defesa dos direitos e da representação feminina.