A carioca Erika Lourenço tem formação na área tecnológica, educativa e jurídica, mas desde 2011 se arrisca no universo da crônica como uma forma de autoterapia. Participante da antologia Multifacetadas, editada pela Editora Comunicação, ela também vem incluindo seus textos em diversas coletâneas, com o objetivo de pôr pra fora, sentimentos e emoções que muitos possuem. A Equipe Elegante fez questão de conhecer um pouco mais do seu trabalho para entender os caminhos que a levaram à escrita. Confira:
Como decidiu ser escritora? Tem livros publicados?
Sempre escrevi, desde a adolescência. Escrevia a respeito de tudo o que vinha à minha mente quando ouvia música – que sempre me inspiram. Passei a escrever mais, diariamente, a partir de 2011, mas sem a pretensão de virar escritora. Em maio de 2011 ocorreu um fato ruim em minha vida: o falecimento de minha mãe. Tentando organizar meus sentimentos e lidar com a perda, utilizei a escrita como modo de “autoterapia”. Já tinha uma conta em um site de escritores amadores desde o ano anterior e nunca tive motivação a escrever, passando a publicar meus “rabiscos” em 2012. Não me considero escritora, mas apenas uma pessoa que escreve e passou a ter necessidade de escrever. Publicar os textos me faz ter noção da minha evolução nas ideias, nas composições e na Língua Portuguesa, bem como saber que, de algum modo, o que já passei, sinto ou reflito é igual ao que outras pessoas passam, sentem ou refletem.
Quanto a livros, tenho participado de antologias e fico feliz por fazer parte de obras com pessoas tão talentosas, essas sim, escritoras de verdade. Nunca pensei em publicar um livro meu e, na realidade, não tenho qualquer pensamento além das antologias. O que sempre me agradou e seria uma possibilidade real de publicação, é HQ (história em quadrinhos).
Você atua na área jurídica, o que significa que não encara o exercício da escrita como uma atividade profissional. Pode-se dizer que buscou nas letras um caminho de evasão?
Sim, comecei a escrever como meio de terapia, desvinculada completamente de questões profissionais. E mesmo agora, escrevendo a respeito de muitos assuntos, não existe qualquer ligação entre o que escrevo ou minhas profissões – Direito, Psicopedagogia e Processamento de dados. No máximo, algumas questões mais complexas do dia a dia profissional servem de inspiração para contos, mas nada além disso.
Cite uma experiência na Literatura que marcou sua vida.
Sem dúvida alguma foram as críticas que recebi quando comecei a escrever publicamente. Desde “você erra muito” até “você escreve de uma maneira agressiva demais”, fui, em determinados momentos, “bombardeada” quase que todos os dias, em 2012. Todos os comentários me trouxeram inúmeros tipos de sentimentos, todos no sentido de que eu deveria tomar um dos dois caminhos: ou continuava a escrever, ou parava. Em alguns momentos parei de escrever, mas, em todas essas lacunas, percebi que, quando retomei os escritos, evoluí. Então, o ruim acabou sendo bom no fim das contas…
A sua predileção por crônicas tem um motivo especial? Cite um autor que pode ser considerado sua referência.
Tenho predileção por aquilo que me permite escrever de maneira mais descontraída e sem muitas técnicas, porque, definitivamente, não sou uma pessoa “das letras”. Parece estranho uma pessoa que tem que ler e escrever muito não saber escrever bem, ter dificuldades com a língua portuguesa, mas sim, é o meu caso. Esforço-me para melhorar, de verdade, mas alguns aspectos da nossa língua me parecem algo “sobrenatural” de desenvolver, ainda, então, não ouso ir além das minhas possibilidades.
Veja bem. Não é que a crônica não deva ser culta ou possa ser escrita de qualquer modo; mas a crônica te dá liberdade de ser quem você é, escrever sem muitos rodeios ou floreios, porque ela tem que atingir um objetivo e esse objetivo é sempre algo reflexivo, instigante e com textos curtos, o que me permite errar menos.
Não me baseio em cronistas específicos para escrever. A verdade é que não tenho em quem me basear. Como disse antes, não sou uma pessoa “das letras”, então, não ouso nem pensar em ser igual a eles – seria muita arrogância da minha parte ou pretensiosismo. Escrevo tentando me aproximar de como falaria se estivesse conversando a respeito do assunto escrito, claro, dentro dos padrões mínimos da escrita.
Mesmo não tendo um ou alguns cronistas como referência, leio Arnaldo Jabor, Lygia Fagundes Telles, Martha Medeiros, os já falecidos João Ubaldo, Mauro Rasi, Nelson Rodrigues e alguns “não famosos”, amigos que acabei fazendo por me aventurar na escrita – pessoas que são muito talentosas e engrandecem meus conhecimentos / reflexões.