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Internet: o novo Coliseu?

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A maldade humana e os paradoxos do existir agora em uma nova arena.

Grupo de psicólogos associados: Luís Eduardo, Jussara Araujo e Ariadne Oliveira (Foto: Elissa Oliveira)

Faz parte de uma falha do paradoxo humano o desejo insaciável pela derrota do próximo. E isso acompanha a sociedade antes mesmo dos combates entre gladiadores, os quais o povo pagava para prestigiar o massacre de duas pessoas duelando até a morte. Era esse o tipo de espetáculo que milhares de pessoas adoravam assistir no Coliseu, o primeiro grande espaço de espetáculos, hoje monumento histórico e ponto turístico em Roma.

Muda-se o palco, mas mantém-se a necessidade pelo espetáculo, é o que aborda a psicóloga Jussara Araujo. Ela menciona a dinâmica do psiquismo e a estrutura do ser, abordadas por Sigmund Freud, no texto “Pulsão de Morte”, no qual, segundo o psicanalista, existem duas pulsões: Eros, uma pulsão sexual com tendência à preservação da vida, e Tânato, a pulsão de morte, que levaria à segregação e à destruição de tudo o que é vivo.

Essas pulsões não agem de forma isolada e por isso o paradoxo faz parte da existência do ser humano. Estamos a todo o momento pendulando entre a preservação e a destruição da vida. De acordo com Jussara Araujo, transitar por esse paradoxo é uma tarefa difícil, e são os deslizes emocionais que provocam as nossas crises existenciais. Freud, inclusive, escreveu um estudo, em 1929, sobre os porquês de a humanidade ser tão pouco dotada para ser e permanecer feliz.

– Segundo Freud, a construção psíquica da pessoa é que determina para que lado ela vai se direcionar dentro do paradoxo. Se ela vai ser boa, ou ruim, feliz ou triste. É possível que possamos nos equilibrar sozinhos, mas quando enfrentamos nossas crises emocionais, só uma boa terapia pode nos realinhar – argumenta, Jussara Araujo.

Essa análise psicanalítica mapeia através de uma linha do tempo como que a maldade humana vai além das redes sociais. Cabe estabelecer aqui uma diferença entre os termos rede social e mídia social: as redes sociais são metáforas para os grupos sociais e a mídia social pode ser entendida como os sites de rede social, como Facebook e Twitter. Segundo a psicóloga Ariadne Oliveira, o que vivemos hoje com as mídias é algo pós-moderno, é uma subjetividade contemporânea. Embora esteja claro que a necessidade de expor os problemas dos paradoxos pessoais não é uma característica somente desta geração, não se pode mais deixar de lado as consequências desse fenômeno que as mídias sociais vêm provocando na humanidade.

– A pessoa pode não se dar bem na mídia social, mas vai precisar fazer isso nas redes sociais. Isto é, na escola, no trabalho e em casa. Quando ela não consegue fazer isso, tudo o que se vê durante o desespero, é a pessoa chegar ao ponto de se matar, como vem acontecendo em muitos países – diz Ariadne Oliveira.

[quote align=’left’]- O veículo só causa o transbordamento que acontece na vida real de cada pessoa – diz Eduardo.[/quote]A internet aproxima. Íntimos, conhecidos, estranhos, todos que atravessam a rua ao seu lado ou não, conseguem encontrar uma brecha para saber da sua vida. Alguns, inclusive, fazem mais do que isso invadindo sem pedir licença. Não cabe aqui julgar quem se expõe ou não. O fato é que a liberdade de expressão tem se tornado uma ferramenta de massacre, que será adorada ou criticada na frente de milhares em todo o mundo.

Trata-se de um tema antigo (maldade humana e paradoxo) dentro de um novo contexto social, relacionado aos veículos de extensão da vida (Facebook e Twitter). Fica aberta a porta para uma discussão sobre uma possível nova patologia.

– As mídias sociais abriram espaço para novos termos de personalidades já conhecidas, são os hateres e trolls, os novos antissociais, dentro de uma, é claro, breve análise do perfil dessas pessoas – analisa, Ariadne Oliveira.

Diante esse discurso, o psicólogo Luís Eduardo de Oliveira conclui que a internet não criou a maldade e muito menos o Facebook transforma alguma pessoa.

O veículo só causa o transbordamento que acontece na vida real de cada pessoa – diz Eduardo.

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