Para vencer a luta contra as doenças dengue, zika e chikungunya é preciso preparo. E nessa guerra, o próprio mosquito transmissor pode se tornar um aliado. A aposta dos pesquisadores é a utilização de mosquitos geneticamente modificados, os chamados Aedes aegypti do bem.
A técnica de utilização de novos mosquitos já foi testada por uma empresa britânica em uma cidade do Paraná, dois bairros de Juazeiro, na Bahia e também em Piracicaba, no interior de São Paulo com êxito. Em todos estes locais o controle do mosquito chegou a mais de 90%.
O professor de biologia, mestre em Ecologia de Insetos e doutor em Zoologia, Cleber Barreto Espindola da Universidade Veiga de Almeida, explica como essa técnica altera os mosquitos. “No caso do Aedes aegypti, foram introduzidos dois genes para modificar o seu código genético. O primeiro é um gene letal dominante, que tem a capacidade de matar todos os mosquitos que possuírem este gene. O segundo é um gene marcador, que serve para podermos identificar e diferenciar os mosquitos que foram produzidos em laboratório e seus descendentes. Desta forma, podemos monitorar esta população no campo”, explica o biólogo.
O professor garante que os insetos geneticamente modificados soltos no meio ambiente não causam nenhum risco à saúde. “Os mosquitos machos, que são soltos no ambiente, morrem em dois a três dias. Estes não picam as pessoas e consequentemente não apresentam a possibilidade de transmissão de nenhum vírus para a população humana.”, afirma.
O método poderia ser usado com sucesso nas cidades da Região dos Lagos, como explica o biólogo. “Cabo Frio poderia ter os casos de transmissão do zika vírus diminuídos drasticamente com a utilização desta técnica, já que ela também alcança locais de difícil acesso, tais como, residências de veraneio que ficam fechadas e que através de outras metodologias não são atingidas”, aponta Cleber Espidola.