A depressão em mulheres é uma questão alarmante e complexa, especialmente entre aquelas que sofrem violência. Estatísticas recentes revelam que as mulheres são duas vezes mais propensas a desenvolver depressão do que os homens. A terapeuta comportamental, Dra. Manu Ramos, alertou em entrevista no programa Viva Bem da Rádio Ondas, que as pessoas devem estar atentas aos sinais.
– Você precisa observar o comportamento da sua amiga, filha, irmã ou algum parente próximo. Essa pessoa vive triste? Não quer comer ou come demais? Bebe ou tem algum outro tipo de vício? E o mais importante: essa pessoa pode se ferir ou fazer isso com alguém? Esses são alguns sinais, mas ainda existe o pior tipo de depressão, na minha opinião, que é a silenciosa. Nesse caso a pessoa é a super legal, pra cima no trabalho e, quando chega em casa, se fecha, se isola e, em muitos casos, comete automutilação – explicou a terapeuta.
A violência é um fator crucial nesse cenário: mais de 70% das vítimas de violência doméstica enfrentam algum tipo de transtorno mental, sendo a depressão a mais comum. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que 1 em cada 3 mulheres já sofreu algum tipo de violência física ou sexual ao longo da vida e, destas, aproximadamente 40% relatam sintomas de depressão grave.
– Nós não podemos nos calar. Esse quadro é muito real nos consultórios – afirmou Dra. Manu Ramos.
No Brasil, uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revelou que 28% das mulheres que sofreram violência apresentaram episódios depressivos no último ano. A relação entre violência e depressão é um ciclo devastador: o trauma agrava a vulnerabilidade mental, que por sua vez, dificulta a busca por ajuda. Romper esse ciclo é essencial para a saúde mental feminina, exigindo uma rede de apoio forte e políticas públicas eficazes.