O ministro da Justiça e da Segurança Pública Sérgio Moro pediu demissão do governo Jair Bolsonaro hoje pela manhã. O anúncio ocorreu durante pronunciamento no Ministério da Justiça. Nos últimos meses, Moro vinha acumulando desgastes com o presidente, mas a exoneração do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, comunicada ontem a Moro, “derramou o caldo”.
– Vou começar o empacotamento das minhas coisas e providenciar o encaminhamento da minha carta de demissão – afirmou Moro.
Segundo ele, o presidente o informou que haveria uma “interferência política” na Polícia Federal e que ele, como presidente, queria ter acesso a relatórios de inteligência de investigações e um canal direto com os policiais federais.
Moro afirmou que Bolsonaro tinha “preocupações” com inquéritos em curso no Supremo Tribunal Federal (STF) e que, por isso, desejava a troca da PF. Sérgio Moro convocou um pronunciamento no próprio Ministério da Justiça para comunicar sua decisão de deixar o cargo.
Durante seu discurso, moro lembrou que, quando foi convidado para compor o governo, Bolsonaro o prometeu “carta branca”, o que claramente não aconteceu.
– A ideia era buscar num nível de formulador de políticas públicas aprofundar o combate à corrupção e levar maior efetividade no combate à criminalidade organizada – disse Moro em seu discurso, complementando “Me via, estando no governo, como também um garantidor da lei e da imparcialidade e da autonomia dessas instituições”.
As movimentações para trocar o comando da Polícia Federal e, por tabela, desgastar Sérgio Moro ocorreram no momento em que acaba de ser aberto inquérito para investigar de quem partiu o financiamento do ato antidemocrático do último domingo (19), quando o presidente Bolsonaro discursou para manifestantes que pediam a volta da ditadura.
Ainda durante o discurso, o agora ex-ministro, declarou que nos governos Lula e Dilma, mesmo com todas as práticas corruptas, nenhum dos dois ex-presidentes interferiram nos trabalhos da Polícia Federal.