A campanha Outubro Rosa está chegando ao fim em conjunto ao fim do mês. A conscientização sobre o câncer de mama tenta ser eficiente ao lembrar mulheres de realizar exames periodicamente e alertar para o fato de quanto antes o tumor for diagnosticado, mais fácil é o tratamento. Assim como o câncer de mama, existe outro problema que mata mulheres em números ainda maiores: o feminicídio.
Ainda que a violência contra a mulher consista como crime grave, muitas ainda se veem diante de um cenário pavoroso. Mesmo com troca de informações em debates, acesso a dados facilitados pela internet e notícias circulando em números significativos nas mídias, a agressividade contra elas teve um aumento na última década e continua acontecendo.
O feminicídio, como são chamados os casos fatais dessa violência, tem ocorrências espantosas a cada ano. Em 2013, a Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), a pedido da ONU (Organização das Nações Unidas), fez um levantamento sobre o homicídio de mulheres em escala global. Segundo a pesquisa, o Brasil ocupa a 5ª posição no ranking entre 83 países elencados. Ainda conforme esta estimativa, os números apontam para a violência doméstica e familiar como a principal forma de violência letal praticada contra as brasileiras. A cada sete homicídios, quatro foram praticados por pessoas que tinham relações íntimas de afeto com a vítima.
Muitas vezes, as agressões física e sexual são firmadas como forma única de violência, deixando a agressão psicológica como secundária e merecedora de menos atenção. A frase “em briga de marido e mulher não se mete a colher”, por exemplo, é uma evidência desta situação. Este quadro é uma problemática enraizada em uma cultura de poder dos homens sobre as mulheres, também chamada de patriarcado. No sistema patriarcal vigente até hoje, é naturalizado o controle deles sobre elas, tendo como uma das consequências a violência psicológica podendo chegar a casos fatais.
Todas estas vertentes de violência à mulher tem soluções que precisam ser colocadas em ação. Primeiramente, há de se trazer este assunto para os âmbitos da educação e da família. Desde cedo, crianças precisam aprender e conviver com relações de igualdade. Jovens devem ser instruídos a não naturalizar qualquer tipo de agressão, física ou psicológica. E principalmente, precisam ver a mulher como semelhante ao invés de inferior.
Somado a isso, leis de proteção à mulher devem zelar pela mesma de forma eficiente, protegendo e garantindo apoio às vítimas. Funcionários de delegacias especializadas devem ser doutrinados a atender da melhor forma possível estes casos. Meios de denúncia e campanhas de conscientização também caracterizam como grandes aliadas. Enfim, mesmo pequenas ações podem ajudar no avanço da implementação de um cenário ideal e justo para todas as mulheres.