Vem chegando a virada do ano e todos começam a fazer suas retrospectivas pessoais. Uns avaliam somente o resumo do ano que está findando, outros, mais elaborados, reavaliam o resumo da vida até o exato momento. Após essa autoanálise vem a esperança. Desvinculada dos pontos positivos e negativos, a noite do dia 31 de dezembro sempre nasce com a ideia de que podemos esperar algo melhor. Porém por que sentimos isso? A Revista Elegante entrevistou três gerações para tentar entender melhor o que se passa na cabeça de cada um, no momento em que tudo está prestes a recomeçar.
As crianças carregam a esperança e a inocência de quem ainda tem uma vida inteira para ser feliz. A pequena Luiza Marinho, de 7 anos, explica porque esse momento é sempre especial. “Todo mundo vai estar mais alegre, mais animado para fazer as coisas. Ir à praia, trabalhar, se divertir”. Um pouco mais velha, Clara Marinho, de 12 anos, resume o que desde cedo gostaríamos para esses dias de renovação. “Acho que as pessoas esperam que o ano que se inicia sempre seja melhor, por ser uma nova etapa de suas vidas e por querer que as coisas ruins que aconteceram, fiquem para trás”.
Para os de espírito mais jovem, com o vigor e formação física e mental para viver uma vida toda pela frente, o início de um novo ano marca o começo de novas esperanças para prosperar no ramo profissional.
Segundo Ian Queiroz, historiador de 24 anos, o início de um novo ano “influencia bastante, pois todas as instituições marcam seus tempos por ano, o que faz tudo no Brasil normalmente se reiniciar. Neste período abrem-se novas vagas e provas que dão oportunidades pra que todos possam mudar suas vidas de alguma forma”.
Comicamente, o “pré-adulto” Ian atrela as mudanças mencionadas ao fator externo, o que nos faz dizer que a própria festa de réveillon já garante a transição. “Acho que é porque a gente sempre espera que um fato externo organize nossa vida do nada, nem que esse fator seja só a virada do ano”, conta.
Para Marilu Rodrigues, psicóloga de 74 anos, não necessariamente o ano seguinte será melhor que o antecessor. No entanto, ela acredita que “as pessoas se alimentam de uma esperança necessária para nossa sobrevivência, por isso a colocamos na crença coletiva de que sempre teremos um novo ano, melhor”.
A sabedoria que adquirimos com o tempo nos tira dessa falsa realidade de que dependemos de um ano novo para reiniciarmos nossos sonhos e expectativas. Por isso Marilu considera que “seguir crenças é um bom motivo para nos garantir contra o insucesso. E indo por este caminho, nos deparamos com o fato de que sempre existe um ‘novo’ antecedendo nossos sonhos e nossas expectativas – uma nova viagem, uma nova casa, carro, etc. O ‘novo’ é um papel em branco que podemos deliciosamente preencher. Assim é nossa vida, confiamos que algo diferente vai acontecer e dessa forma podemos até acreditar que tudo será melhor se construirmos, através da busca, os melhores (novos) caminhos aonde encontraremos o desejado pote de ouro”.
[quote]“O ‘novo’ é um papel em branco que podemos deliciosamente preencher”, Marilu Rodrigues.[/quote]
Somos moldados pelos nossos sonhos. Porém precisamos acordar de nossas próprias falsas esperanças. Não importa sua idade, aproveite o ano que começa para repensar suas decisões. Lembre-se, são elas que determinam quem você realmente é. Suas escolhas são uma extensão de seus desejos e funcionam como a estrutura de sua felicidade.
Porém, é preciso ter cautela. A expectativa causada pelo anseio de renovação produz a energia da ansiedade. Para mudar a realidade é preciso dar um passo de cada vez e assim os resultados aparecerão. Aproveite cada momento e faça do recomeço uma nova oportunidade para alcançar seus desejos.
Texto de Christopher Lima, Danilo Perrote e Elissa Oliveira ♥