O presidente da República, Jair Bolsonaro, fez um pronunciamento hoje, no final da tarde, no Palácio do Planalto, para esclarecer a saída de Sérgio Moro do governo. Cercado por seus ministros – ignorando totalmente a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) de evitar aglomerações e tendo apenas um ministro utilizando máscara facial (Paulo Guedes) – Bolsonaro fez um discurso solto, nada objetivo e afirmou: “Não tenho que pedir autorização para ninguém para trocar o diretor ou qualquer outro”. Ainda segundo o presidente, Moro condicionou à exoneração do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, a uma indicação para o Supremo Tribunal Federal (STF) em novembro.
No pronunciamento para explicar sobre os motivos da demissão, Jair Bolsonaro “prestou contas” do seu compromisso com o dinheiro público: “desliguei o aquecedor da piscina do Alvorada, mudei o cardápio e nunca usei um cartão que tenho direito de utilizar como presidente”, disse. E ainda disparou: “o dia que eu deixar um subordinado mandar em mim, deixo de ser presidente da República”.
Durante a sua fala, o presidente disse que suas cobranças ao Ministério da Justiça eram para cobrar sobre as investigações da facada que recebeu durante a campanha presidencial e em torno do porteiro de seu condomínio que quase o implicou no caso Marielle Franco.
“Será que é interferir na Polícia Federal exigir, quase que implorar ao Sérgio Moro para que apure quem mandou matar Jair Bolsonaro? A Polícia Federal de Sérgio Moro mais se preocupou com Marielle do que com seu chefe supremo. Cobrei muito eles aí. Não interferi”, disparou o presidente, insinuando que o ex-ministro não fez indicações técnicas enquanto esteve à frente do cargo, ao dizer que muitos cargos na PF foram ocupados por delegados de Curitiba.
Bolsonaro destacou no pronunciamento que não negava o trabalho brilhante de Sérgio Moro, que o conheceu acidentalmente no aeroporto e que o ex-ministro não estava na campanha com ele. Por várias vezes o presidente deixou claro que todos os ministros tem carta branca, depois do aceite dele: “Todos tem autonomia, não soberania. O ex-ministro falou que ele tem uma biografia a zelar, eu tenho um país a zelar”, declarou.
Toda essa crise política foi iniciada com a exoneração do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, o que levou Sérgio Moro a pedir demissão do cargo e acusar Bolsonaro de tentar interferir politicamente no comando da PF para ter acesso as informações sigilosas e relatórios de inteligência.
Crise política:
Em uma semana, Bolsonaro perdeu duas peças importantes do seu governo: Luiz Henrique Mandetta (Saúde) e Sérgio Moro (Justiça). No primeiro caso, os discursos não batiam e a falta de diálogo e entendimento entre presidente e, até então, ministro da Saúde, fez Bolsonaro trocar o responsável da pasta no meio de uma pandemia (classificada pelo presidente como “uma gripezinha”).
No caso de Moro, mais uma vez, nota-se a falta de diálogo no governo. Segundo o ex-juiz da Lava-Jato, o presidente o convidou para compor a equipe dando “carta branca” o que, segundo ele, não aconteceu.
E agora? Quem será a bola da vez?
Coronavírus:
Realmente o Presidente da República e sua equipe tratam o coronavírus como “gripezinha”. No pronunciamento realizado no Palácio do Planalto, apenas o Ministro Paulo Guedes usava a máscara facial. A recomendação da OMS sobre distanciamento também não foi respeitada. Pasmem… Nem o novo Ministro da Saúde, Nelson Teich, estava de máscara. Pelo menos ele segue a risca as determinações do presidente.
Pronunciamento:
Falas soltas, muitas acusações e o motivo da demissão se perdeu. Será que terá outro pronunciamento para falar sobre a demissão? Vamos aguardar…