Os Jogos Pan-Americanos de Toronto deste ano será lembrado por uma cena comum no pódio brasileiro. Com 123 atletas militares no Pan, um quinto da delegação, o ato de prestar continência ao ouvir o hino nacional foi algo comum entre os representantes brasileiros.
Das 55 medalhas do Brasil no Pan, quase metade foram conquistadas por atletas militares. Assim, o ato foi visto em quase todos os pódios do judô, além da natação, remo e badminton, entre outros.
O COB (Comitê Olímpico do Brasil) defendeu nesta quarta-feira (15) a prestação de continência no pódio feita por atletas das Forças Armadas ao afirmar que se trata de manifestação de patriotismo.
“Prestar continência para a bandeira é o que eles [Forças Armadas] recomendam e a gente sente orgulho de fazer. Fizemos a iniciação lá dentro. Pegamos o espírito do militarismo”, disse a judoca Mayra Aguiar, terceiro-sargento da Marinha desde 2010.
Nas redes sociais, o assunto motivou controvérsia. Enquanto alguns usuários manifestaram naturalidade em relação ao ato e minimizaram a polêmica, outros notaram que atletas também militares não fizeram o gesto em torneios anteriores.
Nos últimos anos, o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) fechou parceria com as Forças Armadas, que passaram a incorporar atletas de alto rendimento. Os esportistas têm direito a benefícios como salários, 13º, locais de treinamento e plano de saúde. Também são beneficiados por bolsas do Ministério do Esporte.
O COI (Comitê Olímpico Internacional) proíbe manifestações políticas nas premiações olímpicas – regra replicada no Pan –, mas o COB diz que não se trata de uma posição ideológica e sim uma forma de amor à pátria. Além disso, segundo o COB, a continência é prevista no Regulamento de Continências, Honras e Sinais de Respeito, das Forças Armadas.