Pioneira na luta pela igualdade entre os sexos, a homenageada da coluna “A história que a História não conta” deste mês, se destaca por sua força e engajamento por um tema tão importante dentro da nossa sociedade: o feminismo.
Heleieth Iara Bongiovani Saffioti. Você pode não reconhecer esse nome a princípio, mas ela foi um belo exemplo de garra e determinação. Nascida em 1934, no interior paulista, sempre se questionou a respeito da lógica vigente na sociedade brasileira. Filha de uma costureira e de um pedreiro, se formou em Ciências Sociais pela USP.
A pesquisadora foi pioneira na introdução dos estudos sobre a mulher no Brasil. Para demonstrar os contrastes no tratamento entre os gêneros e como a mulher era vista na sociedade, em 1967 defendeu a tese de livre-docência pela Unesp, intitulada “A Mulher na Sociedade de Classes: Mito e Realidade”.
Sua militância abriu espaço para diversos outros estudos feministas no país e serviram para mapear a situação das mulheres no mercado de trabalho no Brasil, deixando evidentes as diversas formas de opressão e exploração sofridas pelo sexo feminino. Seu estudo lhe rendeu outros 12 livros sobre o tema.
Por ser feminista e marxista, sofreu com perseguições. Entretanto nunca se abalou, nem temeu a polêmica que as temáticas feministas costumam provocar. Heleieth buscou compreender os mecanismos profundos da exploração das mulheres no capitalismo, insistindo com veemência na relação estrutural entre capitalismo, patriarcado e racismo. Por integrar o Projeto Mil Mulheres, iniciado por ativistas suíças para o reconhecimento do papel feminino nos esforços pela paz, foi indicada em 2005, ao Prêmio Nobel da Paz, juntamente com outras 51 brasileiras como Zilda Arns e Luiza Erundina.
Nos anos 2000, pouco depois da morte do marido, Heleieth decidiu doar à Unesp a chácara do casal, em Araraquara, para que se transformasse em centro cultural. O local pertenceu ao tio de Mário de Andrade, que lá escreveu Macunaíma.
A socióloga se manteve defendendo a causa feminista até o fim da vida, quando faleceu em dezembro de 2010, aos 76 anos. Em 2012, a Câmara Municipal de São Paulo, por iniciativa da vereadora Juliana Cardoso (PT), criou o Prêmio Heleieth Saffioti, lançado no dia 19 de março de 2013. Este Prêmio destina-se às mulheres e entidades de classe que tenham se destacado no combate a discriminação social, sexual e racial.