Em 2 de julho de 1937, às 12h30, a aviadora Amelia Earhart partiu do aeródromo em Papua Nova Guiné. Acompanhada pelo navegador Frederick Noonan, sua intenção era completar mais uma etapa de seu volta ao mundo. Naquele dia o mito feminino decolou, mas jamais voltou a aterrissar.
A ex-assistente social era corajosa e inovadora, com sua força de vontade conseguiu abrir caminho em uma área selvagemente machista. E conquistar seu lugar na história. O seu amor pelos espaços aéreos surgiu em 1920, em um voo turístico em Long Beach. Teve as primeiras lições de voo em janeiro de 1921. Seis meses mais tarde comprou o primeiro avião: um Kinner Airster de segunda-mão, pintado de amarelo, a que deu o nome “Canary” (Canário). Foi com este avião que bateu o primeiro recorde, atingindo uma altitude de 14 mil pés.
Em 1931, foi a primeira mulher a fazer a travessia aérea do oceano Atlântico sozinha, tendo estabelecido um novo recorde ao completar a viagem em treze horas e meia. Quatro anos mais tarde atravessou o Pacífico, partindo do Havai e chegando à Califórnia. E no mesmo ano, bateu um recorde único de velocidade ao cumprir o trajeto Cidade do México – Nova Iorque em catorze horas e dezanove minutos. Amelia vivia sua época dourada. Além de pilotar, ela escrevia para jornais, dava palestras e até mesmo criava roupas.
Em 1937, decidiu que era hora de atingir um novo nível, quebrar novos recordes. Então o desafio de dar a volta ao mundo começou no dia 1º de junho daquele ano, em Miami. Ao lado de Fred Noonan, passou pela América do sul e depois ao leste. Em etapas seguiu para a África, Índia, Tailândia… Já havia completado um pouco mais de 75% do seu trajeto quando chegou em Papua Nova Guiné. Havia percorrido 36.000 quilômetros e seu próximo destino era um salto de 4.000 quilômetros. A Ilha Howland, entre a Austrália e o Havaí. Mas com as más condições e com combustível insuficiente, a aviadora e seu navegador desapareceram sem deixar rastros.
80 anos depois, o mistério ainda paira no ar
Diversas expedições foram feitas ao longo dos anos para descobrir o que aconteceu com a aviadora e seu navegador. E nesse mesmo período, diversas hipóteses foram surgindo. A mais consistente, sustentada pelo governo dos EUA, é que o avião caiu no oceano por falha mecânica ou falta de combustível. Mas muitos afirmam que ela teria conseguido chegar ao atol Nikumaroro. A ilha, que teve períodos isolados de ocupação humana, estava desabitada naquela época. De densa vegetação, mas sem água potável, Earhart e Noonan podem ter morrido ali.
E é com essa hipótese que uma nova expedição é realizada. Organizada pela National Geographic, uma empresa de viagens e pelo Grupo Internacional para a Recuperação de Aviões Históricos. A missão baseou sua aposta em objetos da década de trinta que foram recuperados em outras visitas à ilha (a última foi em 2012). Os itens resgatados incluem um frasco de creme para sardas, uma navalha semelhante à utilizada por Earhart, um sapato de homem e outro de mulher, um painel de alumínio e uma peça de plexiglass parecida com a de uma janela de avião.
A nova expedição contou agora com cães farejadores, treinados para identificar ossos humanos. E, para a surpresa de todos, os quatro cães treinados identificaram um mesmo local com restos mortais. Agora a aposta é analisar o dna dos ossos e torcer para uma resposta positiva. Essa descoberta derrubaria as teorias tradicionais, mas não acabaria com o mistério: o que aconteceu com Amelia Earhart?